segunda-feira, 30 de julho de 2012

Os Bosquímanos

Porto Alegre, 30 de Julho de 2012.

Olá!
Certo dia assisti ao filme “Os Deuses Devem Estar Loucos”, lançado em 1980. O filme falava sobre uma tribo, que habita o deserto Kalahari, no continente africano. Este povo é o que mais se aproxima dos primeiros Homo Sapiens, sendo um povo muito antigo. 
O que mais me chamou atenção foi sua organização social. 
A partir da pesquisa que fiz, descobri que: As sociedades bosquímanas não têm leis, polícias, juízes, patrões nem chefes hereditários. Os indivíduos influentes destacam-se pelas habilidades ou pelo poder de persuasão.


  Os bosquímanos do deserto Kalahari

O Kalahari possui vasta área coberta por areia avermelhada sem afloramento de água em caráter permanente. Porém, o Kalahari não é um deserto verdadeiro. Partes dele recebem mais de 250 mm de chuva mal distribuída anualmente e possuem bastante vegetação. É realmente árido somente no sudoeste (menos de 175 mm de chuva ao ano), fazendo do Kalahari um deserto de fósseis. As temperaturas no verão do Kalahari vão de 20 a 40°C. No inverno, o Kalahari tem um clima seco e frio com geada à noite. As baixas temperaturas do inverno podem ficar abaixo de 0°C. O clima no verão em algumas regiões do Kalahari pode alcançar 50°C (por isso algumas tribos bosquímanas se recolhem nos momentos mais quentes do dia).    
Os bosquímanos são aproximadamente 100 mil. Eles são o povo mais antigo da África Austral, mas são vítimas do racismo das populações negras e brancas locais. Sobrevivem com pouca água. Encontram-na nos tubérculos, nas gotas de orvalho, na fruta. Também enterram ovos de avestruz cheios de água na estação das chuvas para a usar na estação seca. Eles cultivam pequenas hortas ou fazem trabalhos mal pagos em propriedades de brancos. Os que vivem nos subúrbios das cidades sofrem o desemprego, a exploração e o alcoolismo. Muitos abandonaram a própria língua e perderam o sentido para a vida. Eles são um povo de caçadores e coletores nômades. O corpo dos bosquímanos adaptou-se ao deserto. Eles têm grandes pálpebras que os protegem da luz solar. A sua pele alaranjada reflete o calor e, como é ligeiramente enrugada e não tem pêlos, suporta as altas temperaturas. O corpo armazena gordura nas nádegas para as épocas de escassez de alimentos. As veias aquecem o corpo no inverno.
Os antropólogos classificam os bosquímanos como fósseis vivos. O estudo do seu ADN indica que são próximos dos primeiros Homo sapiens. Há quem pense que o seu idioma seja a origem das línguas do mundo. Ele faz parte dos idiomas com clicks e consiste em sons com diferentes estalidos da língua. Não têm registros escritos. Há apenas pinturas rupestres de antílopes, elefantes, dançarinos e caçadores, com mais de 3000 anos.

Organização social

Os bosquímanos vivem em núcleos de 20 a 100 indivíduos. No verão agrupam-se onde há água. Dispersam-se na época das chuvas. É a mulher que decide quando e como se devem mover os acampamentos. Cada família trata da própria comida. As mulheres recolhem frutas, raízes, insetos e animais pequenos, como formigas, gafanhotos, lagartos, tartarugas e sapos. Providenciam a lenha para o fogo. Os homens são caçadores. Usam o arco e a flecha, varas e armadilhas. Depois de atingir o animal, pedem-lhe desculpa. Explicam-lhe que as suas famílias precisam de carne. Se perseguem um animal ferido em territórios vizinhos, devem visitar quem lá vive e partilhar com eles da caça. Aproveitam tudo do animal: comem a carne e bebem o sangue. Com a pele fazem a roupa. Com os ossos constroem flechas e lanças. As sociedades bosquímanas não têm leis, polícias, juízes, patrões nem chefes hereditários. Os indivíduos influentes destacam-se pelas habilidades ou pelo poder de persuasão. A regra principal é a solidariedade. Todos cuidam das crianças, dos idosos e dos doentes. Os conflitos resolvem-se com um torneio de anedotas. Se não for suficiente, passa-se a uma luta ou dança ritual. É raro recorrerem às armas. Apreciam a música, o canto e as danças rituais e de diversão. A dança do fogo e a do antílope são as mais espetaculares. Enterram os mortos em posição fetal. Deixam junto do cadáver os bens dele. Permanecem longe da sepultura durante um ou dois anos.

A família

As mães combinam os casamentos quando os filhos ainda são crianças. A mãe da noiva é que decide se o noivo é apropriado. Este vai morar na casa da família dela para provar as suas aptidões; sobretudo que é bom caçador. Enquanto o compromisso durar, as famílias trocam presentes. A partir do casamento, o casal passa a viver com a família dele. A mulher que não quiser permanecer com o marido pode regressar a casa dos pais e casar de novo.
O primeiro filho nasce quando a jovem faz 20 anos. Os seguintes nascem de quatro em quatro anos. Como não têm gado doméstico de onde tirar leite, a mãe amamenta os filhos até aos dois ou três anos.

Religião

A divindade suprema dos Bosquímanos é Gamab, deus do céu e do destino. Ele dispara flechas contra os mortais, tirando-lhes a vida. Tsui’goab é o deus da magia, da chuva e do trovão. Gunab é um deus maligno.
O culto é dirigido pelos xamãs curandeiros. Eles crêem que os antepassados provocam as doenças, para que os vivos os acompanhem na outra vida. 

Um abraço,
Carlos Paredes

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