Olá!
Certo dia assisti ao filme “Os
Deuses Devem Estar Loucos”, lançado em 1980. O filme falava sobre uma tribo, que habita o deserto Kalahari, no continente africano. Este povo é o que mais se aproxima dos primeiros Homo Sapiens, sendo um povo muito antigo.
O que mais me chamou atenção foi sua organização social.
A partir da pesquisa que fiz, descobri que: As sociedades bosquímanas não têm leis, polícias, juízes, patrões nem
chefes hereditários. Os indivíduos influentes destacam-se pelas habilidades
ou pelo poder de persuasão.
Os bosquímanos do deserto Kalahari
O Kalahari possui vasta área
coberta por areia avermelhada sem afloramento de água em caráter permanente.
Porém, o Kalahari não é um deserto verdadeiro. Partes dele recebem mais de
250 mm de chuva mal distribuída anualmente e possuem bastante vegetação. É
realmente árido somente no sudoeste (menos de 175 mm de chuva ao ano),
fazendo do Kalahari um deserto de fósseis. As temperaturas no verão do Kalahari
vão de 20 a 40°C. No inverno, o Kalahari tem um clima seco e frio com geada à
noite. As baixas temperaturas do inverno podem
ficar abaixo de 0°C. O clima no verão em algumas regiões do Kalahari pode
alcançar 50°C (por isso algumas tribos bosquímanas se recolhem nos momentos
mais quentes do dia).
Os bosquímanos são aproximadamente 100 mil. Eles são o povo
mais antigo da África Austral, mas são vítimas do racismo das populações negras
e brancas locais. Sobrevivem com pouca água. Encontram-na nos tubérculos, nas
gotas de orvalho, na fruta. Também enterram ovos de avestruz cheios de água na
estação das chuvas para a usar na estação seca. Eles cultivam pequenas hortas
ou fazem trabalhos mal pagos em propriedades de brancos. Os que vivem nos
subúrbios das cidades sofrem o desemprego, a exploração e o alcoolismo. Muitos
abandonaram a própria língua e perderam o sentido para a vida. Eles são um povo de caçadores e coletores nômades. O corpo
dos bosquímanos adaptou-se ao deserto. Eles têm grandes pálpebras que os
protegem da luz solar. A sua pele alaranjada reflete o calor e, como é
ligeiramente enrugada e não tem pêlos, suporta as altas temperaturas. O corpo
armazena gordura nas nádegas para as épocas de escassez de alimentos. As veias
aquecem o corpo no inverno.
Os antropólogos classificam os bosquímanos como fósseis vivos. O estudo do seu ADN
indica que são próximos dos primeiros Homo
sapiens. Há quem pense que o seu idioma seja a origem das línguas do mundo.
Ele faz parte dos idiomas com clicks
e consiste em sons com diferentes estalidos da língua. Não têm registros
escritos. Há apenas pinturas rupestres de antílopes, elefantes, dançarinos e
caçadores, com mais de 3000 anos.
Organização social
Os bosquímanos vivem
em núcleos de 20 a 100 indivíduos. No verão agrupam-se onde há água.
Dispersam-se na época das chuvas. É a
mulher que decide quando e como se devem mover os acampamentos. Cada
família trata da própria comida. As mulheres recolhem frutas, raízes, insetos e
animais pequenos, como formigas, gafanhotos, lagartos, tartarugas e sapos.
Providenciam a lenha para o fogo. Os homens são caçadores. Usam o arco e a
flecha, varas e armadilhas. Depois de atingir o animal, pedem-lhe desculpa.
Explicam-lhe que as suas famílias precisam de carne. Se perseguem um animal
ferido em territórios vizinhos, devem visitar quem lá vive e partilhar com eles
da caça. Aproveitam tudo do animal: comem a carne e bebem o sangue. Com a pele
fazem a roupa. Com os ossos constroem flechas e lanças. As sociedades bosquímanas não têm leis, polícias, juízes, patrões nem
chefes hereditários. Os indivíduos influentes destacam-se pelas habilidades
ou pelo poder de persuasão. A regra
principal é a solidariedade.
Todos cuidam das crianças, dos idosos e dos doentes. Os conflitos resolvem-se
com um torneio de anedotas. Se não for suficiente, passa-se a uma luta ou dança
ritual. É raro recorrerem às armas. Apreciam a música, o canto e as danças
rituais e de diversão. A dança do fogo e a do antílope são as mais
espetaculares. Enterram os mortos em posição fetal. Deixam junto do cadáver os
bens dele. Permanecem longe da sepultura durante um ou dois anos.
A família
As mães combinam os casamentos quando os filhos ainda são
crianças. A mãe da noiva é que decide se o noivo é apropriado. Este vai morar
na casa da família dela para provar as suas aptidões; sobretudo que é bom
caçador. Enquanto o compromisso durar, as famílias trocam presentes. A partir
do casamento, o casal passa a viver com a família dele. A mulher que não quiser
permanecer com o marido pode regressar a casa dos pais e casar de novo.
O primeiro filho nasce quando a jovem faz 20 anos. Os
seguintes nascem de quatro em quatro anos. Como não têm gado doméstico de onde
tirar leite, a mãe amamenta os filhos até aos dois ou três anos.
Religião
A divindade suprema dos Bosquímanos é Gamab, deus do céu e
do destino. Ele dispara flechas contra os mortais, tirando-lhes a vida.
Tsui’goab é o deus da magia, da chuva e do trovão. Gunab é um deus maligno.
O culto é dirigido pelos xamãs curandeiros. Eles crêem que os
antepassados provocam as doenças, para que os vivos os acompanhem na outra
vida.
Um abraço,
Carlos Paredes
Nenhum comentário:
Postar um comentário